carla regina ulian manzato seraphim[1]

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  • CENTRO UNIVERSITRIO DE ARARAQUARA- UNIARA

    PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

    REGIONAL E MEIO AMBIENTE

    Abordagem dos Resduos de Servios de Sade (RSS) na

    Formao Profissional dos Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem

    de Araraquara - SP

    CARLA REGINA ULIAN MANZATO SERAPHIM

    Araraquara- SP

    2010

  • CENTRO UNIVERSITRIO DE ARARAQUARA- UNIARA

    PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

    REGIONAL E MEIO AMBIENTE

    Abordagem dos Resduos de Servios de Sade (RSS) na

    Formao Profissional dos Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem

    de Araraquara SP

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao

    Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

    Centro Universitrio de Araraquara- UNIARA SP

    para obteno do ttulo de mestre

    ORIENTADORA: PROF DR MARIA LCIA RIBEIRO

    Araraquara- SP

    2010

  • Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por qualquer

    meio convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que

    citada a fonte.

    FICHA CATALOGRFICA

    S487a Seraphim, Carla Regina Ulian Manzato

    Abordagem dos Resduos de Servios de Sade (RSS) na Formao

    Profissional dos Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem de Araraquara/SP/

    Carla Regina Ulian Manzato Seraphim.- Araraquara: Centro

    Universitrio de Araraquara, 2010.

    154f.

    Dissertao (Mestrado)- Programa de Ps-Graduao em

    Desenvolvimento Regional e Meio ambiente - Centro Universitrio de

    Araraquara-UNIARA.

    rea de Concentrao: Dinmica Regional e Alternativas de

    Sustentabilidade.

    Orientador: Prof. Dr. Maria Lcia Ribeiro

    1. Formao profissional. 2. Ensino tcnico em enfermagem.

    3. Resduos de servios de sade.4. Educao profissional. Ttulo.

    CDU 504.03

  • DEDICATRIA

    Ao meu pai, Nelson (in memorian), que sempre me ensinou a lutar pelos meus

    sonhos e objetivos. E a minha me, Clia Regina, que mesmo nos dias de

    ausncia, no mediu esforos para me apoiar. Essa vitria como todas as outras,

    dedico a vocs, pelo carinho e ateno que sempre me deram.

    Ao meu marido, Jos Antnio, que sempre me deu apoio para a realizao de

    todos os meus deveres e motivao para que nunca desistisse. E pelo carinho,

    amor e dedicao, que nesses 32 anos nunca me faltou.

    A minha querida e amada filha, Carolina, que me ajudou com o

    desenvolvimento desse trabalho, sem que nunca faltasse amor, carinho e

    compreenso. Obrigada pela motivao e por sempre estar ao meu lado em

    todos os momentos.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, que me concedeu foras para a realizao desse trabalho.

    minha orientadora, Prof. Dr. Maria Lcia Ribeiro, pela sua pacincia,

    dedicao, competncia, incentivo e respeito. Muito obrigada pelas orientaes

    que nortearam a minha vida.

    A minha banca de defesa, Prof. Dr. Maria Cristina de Senzi Zancul e Prof.

    Dr. Angela Maria Magosso Takayanagui por aceitar , acreditar e contribuir para

    a finalizao do meu trabalho.

    Ao Centro Universitrio de Araraquara UNIARA, principalmente a secretaria

    de apoio do Mestrado, que direta ou indiretamente me ajudaram para o

    desenvolvimento desse trabalho.

    A todos os funcionrios e professores do Mestrado, em especial, as secretrias

    do curso Ivani Ferraz Urbano e Adriana Braz, pelo convvio e prestativa ajuda

    em diversas vezes.

    s escolas tcnicas de Araraquara, em especial, ETEC Prof. Anna de Oliveira

    Ferraz, Escola SENAC, Escola Tech Care e aos alunos, que contriburam para o

    desenvolvimento deste trabalho, proporcionando conhecimento,

    complementao e experincia profissional.

    s minhas amigas Ftima, Rose e Snia, que sempre me deram apoio,

    compreenso e amizade para o sucesso do trabalho. E em especial, minha amiga,

    Beth, que mesmo nos dias de ausncia, nunca faltou carinho, apoio e motivao

    para todos os momentos de minha vida.

  • Enfim, a todos que direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste

    trabalho, o meu sincero agradecimento.

  • Ns no somos o que sabemos.

    Somos o que estamos dispostos a aprender .

    Council on Ideas

  • RESUMO

    Os resduos de servios de sade (RSS) representam uma parte importante do total de

    resduos slidos e semi slidos urbanos, no necessariamente pela quantidade gerada, mas

    pelo potencial de risco com possvel repercusso na sade da populao e na de trabalhadores

    da rea da sade, bem como pelos impactos no meio ambiente por possveis poluies

    biolgicas, fsicas e qumicas do solo, do ar e de acidentes e transmisso de doenas. Os RSS

    apresentam caractersticas peculiares, uma vez que so heterogneos e podem causar riscos

    graves e imediatos caso no sejam gerenciados adequadamente. Neste sentido, os RSS

    representam papel importante para os profissionais de enfermagem que precisam preocupar-se

    com o seu gerenciamento com vistas ao alcance de medidas de preservao ambiental e de

    sade pblica. A enfermagem sem dvida, uma das profisses que vem oferecendo amplas

    oportunidades no mercado de trabalho. Segundo dados do IBGE (2009) entre os cursos

    Tcnicos de Nvel Mdio oferecidos no pas, a rea de enfermagem corresponde a 49,6% do

    setor sade. Desse total, 57% compreendem Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem. Nesse

    contexto importante questionar se o curso Tcnico em Enfermagem oferece a estes

    profissionais uma formao que os leve a pensar sobre o seu saber, vinculados a uma

    concepo tica de co-responsabilidade e comprometimento para com a qualidade de vida e

    do ambiente. Assim, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar como vem

    ocorrendo o processo de formao dos profissionais Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem

    em relao abordagem dos resduos de servios de sade, em trs escolas tcnicas de

    Araraquara (ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz, Escola SENAC e Escola Tech Care). O

    estudo foi desenvolvido empregando mtodo de pesquisa quali-quantitativa, anlise

    documental dos Planos de Curso e Planos de Trabalho Docente (Plano de Ensino) utilizando

    como tcnica de coleta de dados entrevista com trs coordenadores do curso de Tcnico em

    Enfermagem e aplicao de questionrios contendo questes abertas e fechadas a 18 docentes

    e 196 alunos. Paralelamente foi efetuado um levantamento histrico das escolas estudadas

    para conhecer a insero dos cursos Tcnicos em Enfermagem no contexto da educao

    brasileira. As anlises dos resultados obtidos sugerem uma similaridade entre as trs escolas

    estudadas quanto : organizao curricular estruturada por mdulos, fragmentao dos

    contedos, conhecimento parcial dos alunos em relao aos RSS e falta de articulao entre

    teoria e prtica. Os contedos sobre RSS esto contemplados nos planos de ensino em

    diferentes mdulos das trs escolas, porm estes contedos parece no serem tratados com a

    necessria profundidade, integralidade e sequncia lgica e os saberes no se encontram

    suficientemente articulados entre as disciplinas tericas e de estgio. As anlises dos dados

    mostraram tambm que houve uma concordncia parcial entre as respostas dos docentes e dos

    alunos em relao s disciplinas que abordam os contedos de RSS, sugerindo que os

    estudantes no esto percebendo o desenvolvimento desses contedos em determinadas

    disciplinas, principalmente nas de estgio, que compem os respectivos mdulos. Os

    resultados possibilitam apontar na prtica desenvolvida nos estgios a necessidade de

    reavaliar e reestruturar os planos de curso e de ensino a fim de incluir nos processos

    pedaggicos dos cursos de Tcnico em Enfermagem novas compreenses como:

    reorganizao dos contedos, flexibilidade, significao, integralidade e articulao de modo

    que os futuros profissionais sejam capazes de enfrentar os desafios frente problemtica dos

    RSS. Os resultados desta pesquisa so similares aos descritos na literatura para investigaes

    realizadas em cursos de graduao da rea da sade e correspondem aos primeiros estudos

    sobre a formao do Tcnico em Enfermagem.

    Palavras- chave: formao profissional; ensino tcnico em enfermagem; resduos de servio

    de sade; educao profissional;

  • Abstract

    Health Care Facilities Solid Waste correspond to an important total amount of the Urban Solid and Semi Solid Waste, specially when we talk about the potential risks they represent in

    the population and professional s Health, as well as impacts in the environment ,such as

    biological, Chemical and Physical pollution in soil, air and transmission of diseases. Heath

    Care Facilities solid waste have individual characteristics, in this way, they are heterogeneous and they can cause immediate and severe risks if they are not managed in a

    properly manner. So, Health care facilities Solid Waste have an important play for healths professionals, because these professionals need to worry about environment and public

    healths preservations, thinking in safety methods to handle with them. Nursing is, undoubtedly, a profession that offers wide opportunities in the labor market. According with

    IBGE (2009) between the technical Courses in High Schools offered in Brazil, the Nursing

    area corresponds to 49, 6 % of the health sector. From this total, 57 % are Assistants or

    Nursing Technicians. In this context is important to ask if the Nursing Technical course offers

    to these professionals a reflective formation about Health Care Facilities solid waste, and it has to be linked to an ethic conception and commitment with the quality of life and

    environment. Thus, this study was accomplished with the purpose of evaluating how the

    qualification process has been occurring in the Nursing Technical Courses, when the subject

    is Health Care Facilities Solid Waste. This study analyzed three technical School in Araraquara( ETEC Prof Ana de Oliveira Ferraz, Escola SENAC e Escola Tech Care).The

    methodology used to develop the project was: qualy-quantity research and documental

    analysis of the teaching methods. The gathered informations were collected using interviews

    with three head managers and questionnaires to 18 teachers and 196 students. In parallel, was

    made a historical survey of the schools to know the integration of technical nursing courses in

    the Brazilian educational context. The analysis of the results gathered in the schools suggested

    a similarity between them, due to: curricular organization structured in subjects and their

    fragmentation, an average knowledge about Heath Care facilities Solid Waste and there is not a relation between theory and practice. The subjects about Health Care Facilities Solid Waste are taught in different modules, but these subjects do not seem to be developed in an

    integrality and logical sequence and there is not a relation between the practical classes and

    the internship. The analysis of the results showed a partial agreement between the teachers

    and the students answers about the Health care facilities Solid Waste subjects, It suggests that the students have not noticed the development of these issues in certain subjects, specially the

    internship ones. The results led us to point for a reevaluate and restructure in the course

    teaching methods, in order to include in the pedagogical process new directives, such as:

    reorganization in the subjects, flexibility, significance ,integrality and articulation so that,

    New professionals could be able to face new challenges in the Health care Facilities solid waste context. These results are similar to the ones described in the literature for

    investigations made at Graduation Courses in the health range and they corresponded to the

    first studies made about the formation of Nursing Technicians.

    Keywords: Professional training, Technical Education in Nursing, Health Care Facilities Solid Waste, professional education.

  • SUMRIO

    1. APRESENTAO E JUSTIFICATICA DO ESTUDO ...................................................... 21

    2. OS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE (RSS) .......................................................... 23

    2.1. ASPECTOS HISTRICOS ........................................................................................... 23

    2.2. LEGISLAO E NORMATIZAO DOS RSS ........................................................ 25

    2.3. CLASSIFICAO DOS RSS ....................................................................................... 27

    2.4. GERENCIAMENTO DOS RESDUOS DE SERVIO DE SADE .......................... 30

    2.4.1. ETAPAS DO MANEJO DOS RESDUOS DE SERVIO DE SADE .............. 31

    3. EDUCAO PROFISSIONAL ........................................................................................... 38

    3.1. CURSO TCNICO EM ENFERMAGEM ................................................................... 38

    3.2. LEGISLAO E HISTRIA DA EDUCAO PROFISSIONAL BRASILEIRA ... 40

    4. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 51

    4.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 51

    4.2. OBJETIVOS ESPECFICOS ........................................................................................ 51

    5. METODOLOGIA ................................................................................................................. 52

    5.1. PROCEDIMENTO DA PESQUISA ............................................................................ 52

    5.2. LOCAL DO ESTUDO .................................................................................................. 54

    5.3. CRITRIOS DE ESCOLHA DOS SUJEITOS ............................................................. 54

    5.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................ 54

    6. RESULTADOS E DISCUSSO ......................................................................................... 57

    6.1. HISTRICO DAS ESCOLAS ESTUDADAS ............................................................. 57

    6.2. ESTRUTURA CURRICULAR DOS CURSOS DE TCNICO EM ENFERMAGEM

    DAS ESCOLAS ESTUDADAS ........................................................................................... 64

    6.3. PLANO DE CURSO DAS ESCOLAS E PLANO DE ENSINO DAS DISCIPLINAS69

    6.4. PERFIL DO PROFESSOR DO ENSINO TCNICO ................................................... 71

    6.5. DISCIPLINAS MINISTRADAS PELOS PROFESSORES QUE ABORDAM RSS

    NAS TRS ESCOLAS ESTUDADAS ................................................................................ 76

    6.6. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS DOCENTES NOS ESTGIOS SOBRE

    RSS ....................................................................................................................................... 90

    6.7. RECURSOS DIDTICOS-PEDAGGICOS E METODOLOGIAS DE ENSINO .... 91

    6.8. REFERNCIAS UTILIZADAS PELOS DOCENTES PARA MINISTRAR AS

    DISCIPLINAS T/P E ESTGIOS ....................................................................................... 93

    6.9. FACILIDADES E DIFICULDADES APRESENTADAS PELOS DOCENTES PARA

    MINISTRAR AS DISCIPLINAS T/P E ESTGIOS .......................................................... 94

    7. CARACTERIZAO DOS ALUNOS .............................................................................. 97

    7.1. CONHECIMENTO TERICO E PRTICO DOS ALUNOS SOBRE OS RESDUOS

    DE SERVIO DE SADE ................................................................................................ 101

  • 7.2. MANEJO DOS RESDUOS DE SERVIO DE SADE .......................................... 108

    6. CONCLUSES .................................................................................................................. 127

    7.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................................ 130

    8. APNDICES ...................................................................................................................... 145

  • LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    Figura 1- Fluxograma de execuo do procedimento de Pesquisa

    Figura 2- ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz da cidade de Araraquara - SP

    Figura 3- Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza -SP

    Figura 4- Localizao das ETECs por regio administrativa no estado de So

    Paulo

    Figura 5- Cursos Tcnicos distribudos por unidades administrativas no Estado

    de So Paulo

    Figura 6- Escola SENAC da cidade de Araraquara- SP

    Figura 7- Escola Tech Care Educacional da cidade de Araraquara-SP

    Figura 8- Saco branco leitoso com smbolo de infectante

    Figura 9- Recipiente rgido para descarte de materiais perfurocortantes

    53

    58

    59

    59

    62

    63

    64

    117

    117

  • LISTA DE QUADROS

    Pgina

    Quadro I- Classificao de resduos de servios de sade por categoria,

    conforme RDC n 306/04 da ANVISA.

    Quadro II- Smbolos de identificao dos grupos de resduos de servios de

    sade

    Quadro III- Destinao final dos RSS de acordo com RDC n 306/04 da

    ANVISA

    Quadro IV- Estrutura Curricular da ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz de Araraquara - SP

    Quadro V- Estrutura Curricular da Escola SENAC de Araraquara -SP

    Quadro VI- Estrutura Curricular da Escola Tech Care de Araraquara-SP

    Quadro VII- Disciplinas que abordam os contedos sobre RSS na ETEC

    Prof Anna de Oliveira Ferraz de Araraquara-SP, segundo informaes de docentes

    Quadro VIII- Disciplinas que abordam os contedos sobre RSS na Escola

    SENAC de Araraquara-SP, segundo informaes de docentes

    Quadro IX- Disciplinas que abordam os contedos sobre RSS na Escola Tech

    Care de Araraquara-SP, segundo informaes de docentes

    Quadro X- Plano de Ensino da ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz de Araraquara-SP

    Quadro XI- Plano de Curso da Escola SENAC de Araraquara-SP

    Quadro XII- Plano de Curso da Escola Tech Care de Araraquara-SP

    Quadro XIII- Atividades desenvolvidas pelos docentes nos estgios sobre RSS

    nas trs escolas estudadas

    27

    34

    36

    66

    67

    68

    77

    79

    80

    81

    84

    85

    90

  • LISTA DE TABELAS

    Pgina

    Tabela 1- Profissionais da rea da sade divididos por diferentes

    categorias segundo Conselho Regional de Enfermagem-SP

    Tabela 2- Distribuio dos Cursos de Tcnico em Enfermagem no Brasil

    em 2009

    Tabela 3-Tempo de atuao profissional dos docentes em outra(s)

    Instituio(es) nas trs escolas estudadas

    Tabela 4- Disciplinas terica/ prtica e disciplinas de estgio que abordam

    RSS na ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz de Araraquara- SP, segundo os alunos

    Tabela 5- Disciplina terica/ prtica e disciplinas de estgio que abordam

    RSS na ETEC Escola SENAC de Araraquara-SP, segundo os

    alunos

    Tabela 6- Disciplina T/P e disciplinas de estgio que abordam RSS na

    Escola Tech Care de Araraquara-SP, segundo os alunos

    Tabela 7- Tpicos abordados nas disciplinas tericas e disciplinas de

    estgio na ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz de Araraquara-SP, segundo os alunos

    Tabela 8- Tpicos abordados nas disciplinas tericas e disciplinas de estgio

    na Escola SENAC de Araraquara-SP segundo os alunos

    Tabela 9- Tpicos abordados nas disciplinas tericas e disciplinas de estgio

    na Escola Tech Care de Araraquara-SP segundo os alunos

    Tabela 10- Classificao dos RSS/RDC n 306/ANVISA na ETEC Prof Anna de Oliveira Ferraz de Araraquara-SP segundo os alunos

    Tabela 11- Classificao dos RSS/RDC n 306/ANVISA na Escola SENAC

    de Araraquara-SP, segundo os alunos

    Tabela 12- Classificao dos RSS/RDC n 306/ANVISA na Escola Tech

    Care de Araraquara-SP, segundo os alunos

    48

    49

    74

    101

    102

    103

    105

    106

    107

    108

    109

    111

  • Tabela 13- Embalagens utilizadas para o acondicionamento dos RSS aps

    segregao, conforme RDC n306/ANVISA segundo os alunos

    das trs escolas estudadas

    115

  • LISTA DE GRFICOS

    Pgina

    Grfico 1- Concluso de graduao de enfermagem dos docentes nas trs escolas

    estudadas

    Grfico2-Titulao dos docentes das trs escolas estudadas quanto:

    Especializao, Mestrado e Doutorado

    Grfico 3- Tempo de atuao profissional dos docentes como enfermaria nas trs

    escolas estudadas

    Grfico 4- Tempo de atuao como docente no Ensino Tcnico nas trs escolas

    estudadas

    Grfico 5- Recursos didticos-pedaggicos e metodologias de ensino utilizados

    pelos docentes nas trs escolas estudadas

    Grfico 6- Distribuio dos alunos nas trs escolas estudadas

    Grfico 7- Predominncia do sexo feminino nas trs escolas estudadas

    Grfico 8- Nvel de escolaridade dos alunos nas trs escolas estudadas

    Grfico 9- Experincia profissional dos alunos na rea da sade nas trs escolas

    estudadas

    Grfico 10- Tempo de atuao profissional dos alunos na rea da sade nas trs

    escolas estudadas

    Grfico 11-Armazenamento temporrio interno dos RSS nas Instituies da

    Sade, segundo os alunos nas trs escolas estudadas

    Grfico 12- Coleta interna dos RSS nas Instituies de Sade, segundo os alunos

    nas trs escolas estudadas

    Grfico 13- rea de armazenamento externo dos RSS, segundo os alunos nas trs

    escolas estudadas

    Grfico 14- Coleta e transporte externo dos RSS, segundo os alunos nas trs

    escolas estudadas

    71

    72

    73

    73

    92

    98

    98

    99

    100

    100

    118

    119

    120

    121

  • Grfico 15- Disposio final dos RSS, segundo os alunos nas trs escolas

    estudadas 121

  • LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ELEMENTOS

    ABEN Associao Brasileira de Enfermagem

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome

    (Sndrome da Imunodeficincia Adquirida)

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    CEB Conselho Educao Brasileira

    CEE Conselho Estadual de Educao

    CEETPS Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza

    CH Carga Horria

    COFEN Conselho Federal de Enfermagem

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    CNC Confederao Nacional do Comrcio

    CNE Conselho Nacional da Educao

    COREN Conselho Regional de Enfermagem

    ES Estgio

    ETEC Escola Tcnica Estadual

    ETESG Escola Tcnica Estadual de Segundo Grau

    ETSUS Escolas Tcnicas de Sade

    EPI Equipamento de Proteo Individual

    FAPESP Fundo de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo

    FATEC Faculdade de Tecnologia

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IPT Instituto de Pesquisa Tecnolgica

    LDB Lei de Diretrizes e Bases

  • MEC Ministrio da Educao e Cultura

    MS Ministrio da Sade

    NBR Norma Brasileira Regulamentadora

    NR Norma Regulamentadora

    PGRSS Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade

    PROFAE Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea da Sade

    RDC Resoluo da Diretoria Colegiada

    RSS Resduos de Servios de Sade

    SENAC Servio Nacional de Aprendizagem Comercial

    SESMT Servio Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho

    SESP Servio Especial de Sade

    SUS Sistema nico de Sade

    T/P Terico/ Prtica

    UNIARA Centro Universitrio de Araraquara

    UNICEP Centro Universitrio Central Paulista

  • 21

    1. APRESENTAO E JUSTIFICATICA DO ESTUDO

    A sociedade urbana e industrial vem se deparando com grandes desafios, entre os quais, a

    preservao da complexidade e da diversidade ambiental. Certos tipos de resduos slidos

    gerados pelo homem, neste tipo de sociedade, apresentam possibilidade de se tornarem fontes de

    poluio e de infeco, principalmente, os produzidos pelos servios de sade. Esse risco de

    infeco est relacionado com o nmero e o tipo de microorganismos presentes nos Resduos de

    Servios de Sade (RSS) e sua capacidade de sobrevivncia no meio ambiente.

    Os chamados servios de sade, categoria que engloba hospitais, clnicas, consultrios

    mdicos, pronto socorro e unidades bsicas de sade, geram os mais variados tipos de resduos

    que so classificados de acordo com o grau de periculosidade que oferecem aos profissionais da

    sade e ao meio ambiente e no podem ter o mesmo destino dos resduos gerados nas

    residncias. Entre as fontes de degradao ambiental, os resduos slidos gerados na rea de

    sade, representam uma peculiaridade importante, quando gerenciados inadequadamente

    (TAKAYANAGUI, 1993; CORRA et al, 2005b; MENDES; 2005).

    No Brasil, o movimento para um gerenciamento diferenciado dos RSS vem ganhando

    fora rapidamente, mas ainda falho, com deficincias em vrios aspectos, desde problemas

    operacionais at econmicos. Os principais agravos gerados pelo inadequado manejo do RSS so

    entre outros: acidentes provocados por objetos perfurocortantes nos indivduos que realizam a

    limpeza hospitalar nos estabelecimentos de servio de sade, riscos de infeces nos indivduos

    que manipulam os resduos para recuperar os materiais descartados e infeces hospitalares

    devido ao manejo inadequado desses resduos pelos profissionais da rea da sade (GARCIA e

    RAMOS, 2004; ZELTZER, 2004; TAKADA, 2003).

    Os resduos gerados nos servios de sade representam uma parcela de cerca de 2% em

    relao ao volume total de resduos urbanos gerados, tornando-se motivo de preocupao pelo

    risco de contaminao para a sade humana e ambiental, principalmente aqueles classificados

    como infectantes que podem oferecer riscos mais evidentes populao exposta

    (TAKAYANAGUI, 2005).

    Contrapondo-se ao senso comum e legislao, uma corrente de autores

    no atribui a tais resduos um risco maior para a populao do que aquele

    oferecido pelo lixo domiciliar. Argumenta-se que os resduos de servios de

    sade (RSS), assim como os domiciliares, tm em sua composio, itens que

    representam riscos para a sade humana e para o ambiente, embora no

    necessariamente em concentraes semelhante. (MOTA et al, 2004, p.159-

    160).

  • 22

    Os problemas levantados referentes ao manejo dos RSS representam um desafio a ser

    alcanado por todos os setores da sociedade.

    Neste sentido, os profissionais da equipe de enfermagem (Enfermeiro, Tcnico e Auxiliar

    de Enfermagem) devem conhecer e compreender os conceitos tericos e prticos que envolvem

    os procedimentos de manuseio e tratamento dos resduos gerados por suas atividades na

    assistncia direta ao paciente, no apenas sistematizando procedimentos, mas,

    fundamentalmente, desenvolvendo um processo de conscientizao social e coletiva quanto

    responsabilidade com a preservao ambiental.

    Um caminho para solucionar as questes de manuseio e tratamento dos resduos slidos

    de servio de sade o conhecimento das principais normas, leis, decretos e resolues que

    vigoram no pas aliado a educao ambiental e principalmente, o treinamento dos profissionais

    da rea da sade.

    Desta forma o presente estudo objetiva avaliar a abordagem do tema RSS na formao

    dos Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem que atuam em diferentes instituies de sade na

    cidade de Araraquara-SP.

    A fim de alcanar os objetivos propostos, esta dissertao de mestrado foi estruturada e

    organizada considerando os diferentes nveis de abrangncia da educao profissional instituda

    pela legislao atravs de princpios, critrios e definies de competncias profissionais gerais

    dos Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem, bem como procedimentos a serem observados pelos

    sistemas de ensino e pelas escolas na organizao e no planejamento deste ensino.

    No primeiro captulo, faz-se um breve resgate dos aspectos histricos, questes legais e

    normas que envolvem os RSS. Buscou-se tambm reconstruir a histria do ensino de

    enfermagem no Brasil, dando nfase para a educao profissional do curso Tcnico em

    Enfermagem. Em seguida so traados os objetivos deste estudo e o caminho metodolgico

    escolhido. No captulo subseqente so apresentados e discutidos os resultados alcanados neste

    estudo, baseados nos instrumentos de coleta de dados utilizados nesta pesquisa e na literatura

    pertinente rea.

    Finalizando o texto, concluses foram elaboradas acrescentando sugestes como

    possibilidade de construo de alguns caminhos que podero ser percorridos pelas Instituies

    Escolares. Discriminamos as referncias utilizadas e apndices com o objetivo de complementar

    o trabalho.

  • 23

    2. OS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE (RSS)

    2.1. ASPECTOS HISTRICOS

    Embora a gerao de resduos oriundos das atividades humanas faa parte da prpria

    histria do homem, a partir da segunda metade do sculo XX, com os novos padres de

    consumo da sociedade industrial, que a gerao desses resduos passa a ter um maior

    crescimento em ritmo superior capacidade de absoro pela natureza (ANVISA, 2006).

    A quantidade de resduos gerados pelo homem, aliada ao estilo de vida pautado na

    produo de bens de consumo e servios, gera desperdcios e contribui para a existncia de

    problemas ambientais e de sade da populao.

    Estima-se que a populao mundial, atualmente com mais de 6 bilhes de habitantes,

    esteja gerando 30 bilhes de toneladas de resduos por ano. Este crescimento desordenado da

    populao das cidades, aliado ao estilo de vida da sociedade moderna que contempla o conforto,

    comodidade, praticidade, uso de produtos industrializados e materiais descartveis, contribuem

    para o aumento da gerao de resduos (HADDAD, 2006).

    Entre esses, situam-se aqueles criados pelo descarte inadequado de resduos que

    criaram, e ainda criam, enormes passivos ambientais, colocando em risco os

    recursos naturais e a qualidade de vida das presentes e futuras geraes. A

    disposio inadequada desses resduos decorrentes da ao de agentes fsicos,

    qumicos ou biolgicos, cria condies ambientais potencialmente perigosas

    que modificam esses agentes e propiciam sua disseminao no ambiente, o que

    afeta, conseqentemente, a sade humana. So as iatrogenias do progresso humano (ANVISA, 2006 p.9).

    Os processos de desenvolvimento, sem controle, o grande volume de resduos gerados e

    mal gerenciados esto agredindo a natureza e provocando modificaes no meio ambiente como

    o risco de degradao dos recursos hdricos, do solo, do ar. Essas modificaes geram perdas

    que, possivelmente, no podero ser repostas, devido particularidade presente em cada

    ecossistema e suas interaes (CORRA, 2005a; COUTINHO et al, 2007).

    Estas questes tm se transformado em um dos maiores problemas de sade pblica no

    mundo. No Brasil, nos ltimos 10 anos, a populao cresceu 16,8% e a gerao de resduos,

    48%. Diante deste contexto polticas pblicas tm sido discutidas e legislaes elaboradas com a

    finalidade de estabelecer medidas que visem preservao da sade pblica e a garantia de um

    desenvolvimento sustentvel. Essas polticas fundamentam-se em concepes abrangentes no

  • 24

    sentido de estabelecer interfaces entre a sade pblica e as questes ambientais (IBGE, 2006;

    ANVISA, 2006; RODRIGUES et al, 2007).

    Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT 10004/2004, resduos

    slidos so definidos como:

    Resduos nos estados slidos e semi-slidos, que resultam de atividades da

    comunidade, de origem: industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola,

    de servios e de varrio. Consideram-se tambm resduos slidos os lodos

    provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em

    equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados

    lquidos ,cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede

    pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnicas

    economicamente inviveis em face melhores tecnologia disponvel (ANVISA,

    2006 p. 18).

    Segundo BELEI (2006), lixo um conjunto de resduos slidos resultantes das

    atividades humanas, sendo classificado, de acordo com os ambientalistas, como resduo: urbano,

    domiciliar, comercial, pblico, especial, industrial, de servio de sade, atmico, espacial e

    radioativo.

    Entre os diferentes tipos de resduos gerados pelo homem, encontram-se os resduos de

    servio de sade (RSS). Na atualidade, muitos questionamentos tm sido feitos aos resduos

    provenientes dos servios de sade quanto existncia de riscos e problemas relacionados ao

    meio ambiente e sade da populao.

    Os resduos de servio de sade (RSS), comumente chamados de lixo hospitalar,

    destacam-se no universo dos resduos produzidos, principalmente devido questo da

    periculosidade de alguns de seus componentes, nos dias atuais.

    No Brasil os resduos eram chamados de lixo hospitalar at o final da dcada de 1980, e

    usava-se a designao slidos para limitar a parcela slida dos resduos dentro do hospital,

    recebendo um enfoque voltado praticamente, somente para os hospitais. A denominao

    Resduos de Servio de Sade (RSS) foi considerada, posteriormente, como o termo mais

    apropriado e abrangente, considerando os resduos dos mais diversos estabelecimentos de

    assistncia sade, alm dos hospitais (HADDAD, 2006; SCHNEIDER, 2001;

    TAKAYANAGUI, 1993 e 2005).

  • 25

    2.2. LEGISLAO E NORMATIZAO DOS RSS

    Conforme a Norma Brasileira Regulamentadora NBR 12807 adotou-se a denominao

    RSS como aquele resultante das atividades exercidas por estabelecimento gerador. Cabe ressaltar

    que segundo a mesma norma, estabelecimento gerador de resduo de servio de sade aquele

    destinado prestao de assistncia sanitria populao. A RDC foi elaborada para classificar

    os resduos gerados nestes estabelecimentos (MENDES, 2005; HADDAD, 2006).

    A RDC ANVISA n 306/04 e a Resoluo CONAMA n. 358/2005 definem

    estabelecimentos geradores de RSS, como:

    Todos os servios relacionados com o atendimento sade humana ou animal,

    inclusive os servios de assistncia domiciliar e de trabalhos de campo;

    laboratrios analticos de produtos para a sade; necrotrios, funerrias e

    servios onde se realizem atividades de embalsamamento, servios de medicina

    legal, drogarias e farmcias inclusive as de manipulao; estabelecimentos de

    ensino e pesquisa na rea da sade, centro de controle de zoonoses;

    distribuidores de produtos farmacuticos, importadores, distribuidores

    produtores de materiais e controles para diagnstico in vitro, unidades mveis

    de atendimento sade; servios de acupuntura, servios de tatuagem, dentre

    outros similares.

    Os resduos de servios de sade so partes importantes do total de resduos slidos

    urbanos, no necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo

    potencial de risco que representam sade e ao meio ambiente.

    A preocupao com os RSS e com o meio ambiente j era discutida na Constituio

    Brasileira de 1988. No artigo 23 da Constituio h a citao de co-responsabilidade da Unio,

    dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios de proteger o meio ambiente e combater

    qualquer forma de poluio. No seu artigo 225 consta que todos tm direito ao meio ambiente

    ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Publico e coletividade o dever de defend-lo

    e preserv-lo para as presentes e futuras geraes (HADDAD, 2006).

    Nos Estados Unidos a preocupao com os RSS iniciou-se durante o vero de 1987 e

    1988, quando estes resduos se tornaram visveis, boiando em algumas praias da Flrida. Este

    problema contribuiu para aumentar ainda mais a ansiedade da populao, em relao a esses

    resduos devido ao medo da Sndrome da Imuno Deficincia Adquirida AIDS

    (TAKAYANAGUI, 1993 e REZENDE, 2006).

    Para TAKADA (2003) vrios so os agravos relacionados aos resduos slidos e semi-

    slidos que podem causar efeitos indesejveis com possvel repercusso na sade dos pacientes,

  • 26

    trabalhadores da rea da sade e da populao, bem como impactos no meio ambiente como

    poluio biolgica, fsica e qumica do solo, do ar, da gua; acidentes e transmisso de doenas.

    A literatura vem discutindo nas ltimas dcadas o potencial de risco que os RSS causam

    para a sade humana e para o ambiente, considerando tais resduos mais perigosos que os

    resduos domiciliares. Outra corrente de discusso se contrape a esta periculosidade (BELEI,

    2006; REZENDE, 2006).

    No Brasil, rgos como a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA e o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA tm assumido o papel

    de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que se

    refere gerao e ao manejo dos resduos de servios de sade, com o objetivo

    de preservar a sade e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade

    (ANVISA, 2006 p.12).

    Somente, a partir de 1993, a Associao Brasileira de Normas Tcnicas-ABNT,

    instituio privada, formou uma Comisso de Estudos de RSS, composta por profissionais de

    diversas reas, que implantou a primeira normatizao tcnica especfica para os RSS, dando

    suporte s resolues, tanto da ANVISA como do CONAMA. Esto apresentadas, a seguir, as

    principais resolues, ento estabelecidas, que descrevem detalhadamente as etapas do manejo

    dos RSS, fundamentais para preveno da sade e do meio ambiente.

    NBR 12807 jan/ 93 - Resduos de Servio de Sade - Terminologia

    Procedimento: define os termos empregados em relao aos Resduos de Servio de Sade.

    NBR 12808 jan/ 93 - Resduos de Servio de Sade - Classificao

    Procedimento: classifica os Resduos de Servio de Sade quanto ao risco potencial ao meio

    ambiente e sade pbica, para que tenham gerenciamento adequado.

    NBR 12809 fev/ 93 - Manuseio de Resduos de Servio de Sade

    Procedimento: fixa os procedimentos exigveis para garantir condies de higiene e segurana

    no processamento interno de resduos infectantes, especiais e comuns, no servio de sade,

    sob condies de higiene e segurana.

    NBR 12810 jan/ 93 Coleta de Resduos de Servio de Sade

    Procedimento: fixa os procedimentos exigveis para a coleta de RSS extra-unidades.

    NBR 13853 mai/ 97- Coletores para resduos de servio de sade perfurantes ou cortantes

    Procedimento: especifica requisitos e mtodos de ensaio e coletores para resduos de servio

    de sade perfuro cortantes.

    NBR 7500 mar/ 2000- Smbolos de Risco e Manuseio para transporte e Armazenamento

  • 27

    Procedimento: especifica smbolos de risco e manuseio para o transporte de materiais

    perigosos; define smbolo de substancia infectante.

    NBR 9191 jul/ 2000- Sacos Plsticos para acondicionamento dos resduos

    Procedimento: especifica caractersticas e define metodologia para teste de resistncia e

    perfurao de sacos plsticos para acondicionamento dos resduos.

    NBR 10004 mai/ 04 - Resduos Slidos- Classificao dos Resduos Slidos (2 edio).

    Atualmente, as Resolues RDC 306/2004 da ANVISA e a Resoluo 358/ 2005 do

    CONAMA, so documentos federais que se articulam, complementam e regem sobre a questo

    da classificao dos RSS no Brasil (REZENDE, 2006).

    2.3. CLASSIFICAO DOS RSS

    Os RSS apresentam caractersticas peculiares, uma vez que so heterogneos e podem

    apresentar riscos graves e imediatos caso no sejam manejados e tratados de forma adequada

    (CORREA, 2005b).

    No Brasil h vrias classificaes de resduos de servio de sade, sendo as mais

    conhecidas: da Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT, do Conselho Nacional do

    Meio Ambiente - CONAMA e da Agencia Nacional de Vigilncia Sanitria - ANVISA.

    Os resduos de servio de sade esto enquadrados em resolues de acordo com suas

    caractersticas de risco. Estas resolues (RDC n 306/04 da ANVISA e a Resoluo CONAMA

    n 358/05) classificam esses resduos em cinco grupos: A, B, C, D e E, como mostra o Quadro I.

    Quadro I : Classificao de resduos de servios de sade por categoria, conforme RDC n

    306/ANVISA.

    Categoria Constituintes

    GRUPO A: Resduos com a possvel

    presena de agentes biolgicos que, por suas

    caractersticas, podem apresentar risco de

    infeco.

    A1 Culturas e estoques de microrganismos; resduos de produtos

    biolgicos, exceto os hemoderivados;

    descarte de vacinas de microrganismos vivos

    ou atenuados; meios de cultura e

    instrumentais utilizados para transferncia,

    inoculao ou mistura de culturas; resduos

    de laboratrios de manipulao gentica.

    - Resduos resultantes da ateno sade de

    indivduos ou animais, com suspeita ou

    certeza de contaminao biolgica por

    agentes classe de risco 4, microrganismos

    com relevncia epidemiolgica e risco de

  • 28

    disseminao ou causador de doena

    emergente que se torne epidemiologicamente

    importante ou cujo mecanismo de

    transmisso seja desconhecido.

    - Bolsas transfusionais contendo sangue ou

    hemocomponentes rejeitadas por

    contaminao ou por m conservao, ou

    com prazo de validade vencido, e aquelas

    oriundas de coleta incompleta.

    - Sobras de amostras de laboratrio contendo

    sangue ou lquidos corpreos, recipientes e

    materiais resultantes do processo de

    assistncia sade, contendo sangue ou

    lquidos corpreos na forma livre.

    A2 Carcaas, peas anatmicas, vsceras e outros resduos provenientes de animais

    submetidos a processos de experimentao

    com inoculao de microorganismos, bem

    como suas forraes, e os cadveres de

    animais suspeitos de serem portadores de

    microorganismos de relevncia

    epidemiolgica e com risco de disseminao,

    que foram submetidos ou no a estudo

    antomo-patolgico ou confirmao

    diagnstica.

    A3 Peas anatmicas (membros) do ser humano; produto de fecundao sem sinais

    vitais, com peso menor que 500 gramas ou

    estatura menor que 25 centmetros ou idade

    gestacional menor que 20 semanas, que no

    tenham valor cientifico ou legal e no tenha

    havido requisio pelo paciente ou

    familiares.

    A4 Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartadas.

    - Filtros de ar e gases aspirados de rea

    contaminada;membrana filtrante de

    equipamento mdico-hospitalar e de

    pesquisa, entre outros similares.

    - Sobras de amostras de laboratrio e seus

    recipientes contendo fezes, urina e secrees,

    provenientes de pacientes que no

    contenham e nem sejam suspeitos de conter

    agentes Classe de Risco 4, e nem

    apresentarem relevncia epidemiolgica e

    risco de disseminao, ou microrganismo

    causador de doena emergente que se torne

    epidemiologicamente importante ou cujo

    mecanismo de transmisso seja desconhecido

    ou com suspeita de contaminao com

  • 29

    prons.

    - Resduos de tecido adiposo proveniente de

    lipoaspirao, lipoescultura ou outro

    procedimento de cirurgia plstica que gere

    este tipo de resduo.

    - Recipientes e materiais resultantes do

    processo de assistncia sade, que no

    contenha sangue ou lquidos corpreos na

    forma livre.

    - Peas anatmicas (rgos e tecidos) e

    outros resduos provenientes de

    procedimentos cirrgicos ou de estudo

    antomo-patolgico ou de confirmao

    diagnstica.

    - Carcaas, peas anatmicas, vsceras e

    outros resduos provenientes de animais no

    submetidos a processos de experimentao

    com inoculao de microorganismos, bem

    como suas forraes.

    - Bolsas transfusionais vazias ou com volume

    residual ps-transfuso.

    A5 rgos, tecidos, fluidos orgnicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e

    demais materiais resultantes da ateno

    sade de indivduos ou animais, com suspeita

    ou certeza de contaminao com prons.

    GRUPO B: Resduos contendo substncias

    qumicas qumicas que podem apresentar

    risco sade pblica ou ao meio ambiente,

    dependendo de suas caractersticas de

    inflamabilidade, corrosividade, reatividade e

    toxicidade.

    - Produtos hormonais e produtos

    antimicrobianos; citostticos;

    antineoplsicos; imunossupressores;

    digitlicos; imunomoduladores; anti-

    retrovirais, quando descartados por servios

    de sade, farmcias, drogarias e

    distribuidores de medicamentos ou

    apreendidos e os resduos farmacuticos dos

    Medicamentos controlados pela Portaria MS

    344/98 e suas atualizaes.

    - Resduos de saneantes, desinfetantes,

    desinfestantes; resduos contendo metais

    pesados; reagentes para laboratrio, inclusive

    os recipientes contaminados por estes.

    - Efluentes de processadores de imagem

    (reveladores e fixadores).

    - Efluentes dos equipamentos automatizados

    utilizados em anlises clinicas.

    - Demais produtos considerados perigosos,

    conforme classificao da NBR 10,004 da

    ABNT (txicos, corrosivos, inflamveis e

    reativos).

    GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes Rejeitos radioativos ou contaminados com

  • 30

    de atividades humanas que contenham

    radionucldeos em quantidades superiores

    aos limites de iseno especificados nas

    normas do CNEN e para os quais a

    reutilizao imprpria ou no prevista.

    radionucldeos, provenientes de laboratrio

    de analises clinicas, servios de medicina

    nuclear e radioterapia, segundo a resoluo

    CNEN-6.05.

    GRUPO D: Resduos que no apresentem

    risco biolgico, qumico ou radiolgico

    sade ou ao meio ambiente,podendo ser

    equiparados aos resduos domiciliares.

    - papel de uso sanitrio e fralda,absorventes

    higinicos, peas descartveis de vesturio,

    resto alimentar de paciente, material utilizado

    em anti-sepsia e hemostasia de venclises,

    equipo de soro e outros similares no

    classificados como A1;

    - sobras de alimentos e do preparo de

    alimentos;

    - resto alimentar de refeitrio;

    - resduos provenientes das reas

    administrativas;

    - resduos de varrio,flores,podas e jardins

    - resduos de gesso provenientes de

    assistncia sade.

    GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou

    escarificantes

    Lminas de barbear, agulhas, escalpes,

    ampolas de vidro,brocas,limas endodnticas,

    pontas diamantadas, lmina de bisturi,

    lancetas; tubos capilares;micropipeta;lminas

    e lamnulas; esptulas; e todos os utenslios

    de vidro quebrados no laboratrio (pipeta,

    tubos de coleta sangunea e placas de Petri) e

    outros similares.

    Fonte: ANVISA (2006: 15-17).

    A classificao dos RSS vem sofrendo um processo de evoluo contnuo, na medida em

    que so introduzidos novos tipos de resduos nas unidades de sade, como resultado do

    conhecimento do comportamento destes resduos perante o meio ambiente e a sade, como

    forma de estabelecer uma gesto segura com base nos princpios da avaliao e gerenciamento

    dos riscos envolvidos na sua manipulao.

    2.4. GERENCIAMENTO DOS RESDUOS DE SERVIO DE SADE

    A preocupao com o gerenciamento adequado dos resduos gerados nas unidades de

    sade tem aumentado nos ltimos tempos. Na prtica, os modelos de gerenciar e fiscalizar o

    caminho dos resduos no Brasil depende de muitos fatores como a realidade econmica,

    interesse das autoridades locais (polticas, sanitrias e jurdicas) e ao nvel de conhecimento e

    conscincia sobre os riscos desses resduos. Devido s condies precrias do sistema de

  • 31

    gerenciamento de resduos, no h estatsticas precisas a respeito do nmero de geradores, nem

    da quantidade de resduos de servio de sade gerada diariamente (GARCIA E RAMOS, 2004;

    MARTINS et al; 2007; COUTINHO e CARVALHO, 2007).

    Segundo a norma RDC ANVISA no 306/04, o gerenciamento dos RSS consiste

    em um conjunto de procedimentos planejados e implementados, a partir de

    bases cientficas e tcnicas, normativas e legais. Tem o objetivo de minimizar a

    gerao de resduos e proporcionar aos mesmos um manejo seguro, de forma

    eficiente, visando a proteo dos trabalhadores, a preservao da sade, dos

    recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2006 p. 35).

    Toda instituio geradora de RSS deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resduos

    de Servio de Sade (PGRSS), estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS. O PGRSS um

    documento que aponta e descreve as aes relativas ao manejo do RSS, devendo ser elaborado

    de acordo com as normas legais (RDC ANVISA n 306/ 04 e Resoluo CONAMA n 358/ 05)

    (ANVISA, 2006).

    Este documento tem a finalidade minimizar a produo dos resduos gerados nas fontes

    geradoras proporcionando um encaminhamento seguro e eficiente visando diminuir os riscos de

    acidentes e contaminao dos profissionais da sade, empregados do servio de limpeza,

    higienizao e de coleta intra e extra estabelecimento, sade da populao e preservao do meio

    ambiente (MARTINS et al, 2007).

    O processo de gerenciamento dos RSS abrangente, pois envolve as vrias etapas do

    manejo dos RSS, entendido como a ao de gerenciar os resduos em seus aspectos intra e extra-

    estabelecimento, desde a sua gerao at a disposio final. Considerando a sua importncia as

    principais etapas do manejo dos RSS (RDC n 306/2004 da ANVISA) esto apresentadas a

    seguir.

    2.4.1. ETAPAS DO MANEJO DOS RESDUOS DE SERVIO DE SADE

    A produo dos resduos da rea da sade bem como os de origem domstica e pblica,

    ainda falha, pois parece que existe a falta de comprometimento das instituies de sade e

    conscientizao da populao quanto, importncia de minimizar a produo desses resduos,

    evitando a sobrecarga e o comprometimento dos locais reservados para sua disposio final.

    (MARTINS et al, 2007).

    Segundo dados do IBGE (2003), cerca de 4000 toneladas de resduos produzidos pelos

    servios de sade so coletados a cada dia em prefeituras de 5.507 municpios brasileiros. Parte

  • 32

    desses resduos perigosos est sendo despejado no ambiente sem tratamento adequado ou muitas

    vezes sem tratamento.

    Os servios de sade produzem uma quantidade de resduos de difcil mensurao devido

    ao fato da gerao ser difusa e com variabilidade na sua composio e quantidade. Os

    estabelecimentos de sade passaram nas ltimas dcadas por uma importante evoluo

    tecnolgica agregando materiais, substncias e equipamentos. Esses processos refletem-se na

    composio dos resduos gerados que em alguns casos, se tornam mais complexos e perigosos

    para o meio ambiente e a sade pblica (SILVA, 2004; AGAPITO, 2007; CASTRO 2007).

    Para a implementao do PGRSS em um estabelecimento de sade necessrio conhecer

    os resduos gerados, levando em considerao sua composio (avaliao qualitativa) e a

    quantidade produzida e projetada (avaliao quantitativa) desses materiais. Para que este

    programa se torne efetivo necessrio associar todas as etapas do manejo dos RSS, uso dos

    equipamentos apropriados e o uso de sinalizao nos ambientes das Instituies. No s ser

    possvel diminuir os riscos, como reduzir as quantidades de resduos a serem tratados e ainda

    promover o reaproveitamento de grande parte dos mesmos pela segregao de boa parte dos

    materiais reciclveis, reduzindo os custos de seu tratamento e disposio final que normalmente

    so altos (SILVA, 2004; ANVISA 2006).

    O trinmio, reduo, reciclagem e reutilizao dos RSS quando utilizado como forma de

    evitar o esgotamento de matria prima, economizar energia no processo de produo e minimizar

    o contingente de disposio no meio ambiente uma importante medida usada para a preveno

    ambiental e ao desenvolvimento de cidadania (AGAPITO, 2007).

    Nos estabelecimentos geradores de RSS, independente do porte, srios problemas so

    encontrados quanto ao gerenciamento desses resduos em todas as suas etapas, que podem ser

    atribudos a vrios fatores, dentre eles: escassez de gerenciamento pelos rgos competentes,

    fiscalizao inadequada e/ ou ausente e carncia de programas de preveno poluio, visando,

    particularmente minimizao da gerao de resduos (CASTRO, 2007 apud SCHDEINER et

    al, 2004).

    No Brasil, so poucos os estabelecimentos de sade que possuem um plano de

    gerenciamento de RSS que estabelea procedimentos adequados quanto ao

    manejo dos resduos que geram e indicadores ambientais e de sade, o que

    resulta num gerenciamento inadequado, tanto interno quanto externo

    (ALMEIDA, 2002; SILVA, 2004; MELO 2007).

  • 33

    O gerenciamento efetivo desses resduos necessrio e requer no apenas a organizao e

    sistematizao dessas fontes geradoras, mas fundamentalmente o despertar de uma conscincia

    humana e coletiva dos profissionais que atuam nesses ambientes. A complexidade do problema

    exige dos profissionais da sade um posicionamento consciente quanto responsabilidade com a

    prpria vida humana, com o ambiente e disponibilidade para colaborar na busca de solues

    quanto aos resduos gerados por suas atividades (CORRA, 2005a).

    O manejo dos RSS contempla diferentes etapas: segregao, acondicionamento,

    identificao, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposio final. A definio de

    cada uma destas etapas, de acordo com a ANVISA RDC n.306/04, est descrita a seguir:

    Segregao: consiste na separao dos resduos no momento e local de sua gerao, em

    funo de uma classificao previamente adotada para esses resduos levando em

    considerao suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas.

    Acondicionamento: consiste no ato de embalar os resduos segregados, em sacos ou

    recipientes impermeveis punctura, ruptura e vazamento. Os sacos devem estar

    contidos em recipientes de material lavvel, resistentes com tampa provida de sistema de

    abertura sem contato manual. Os resduos perfuro cortantes ou escarificantes - grupo E -

    devem ser acondicionados separadamente, no local de sua gerao, imediatamente aps o

    uso, em recipiente rgido amarelos com o smbolo de infectante de acordo com a NBR

    13.853 da ABNT, estanque, resistente a punctura, ruptura e vazamento, impermevel.

    Identificao: consiste em um conjunto de medidas que permitam o reconhecimento dos

    resduos contidos nos recipientes fornecendo informaes ao correto manejo dos RSS. A

    identificao deve estar exposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta

    interna e externa, nos recipientes de transporte externo e interno e nos locais de

    armazenamento, utilizando-se smbolos, cores e frases, atendendo os parmetros da NBR

    7.500 da ABNT. A simbologia utilizada por grupos de resduos est descrita conforme

    mostra o QUADRO II.

  • 34

    Quadro II Smbolos de Identificao dos Grupos de Resduos de Servios de Sade

    Smbolos de Identificao dos grupos de resduos

    Os resduos do grupo A so identificados

    pelo smbolo de substncia infectante, com

    rtulos de fundo branco, desenho e

    contornos pretos.

    Os resduos do grupo B so identificados

    atravs do smbolo de risco associado e com

    discriminao de substncia qumica e frases

    de risco.

    Os rejeitos do grupo C so representados

    pelo smbolo internacional de presena de

    radiao ionizante (triflio de cor magenta)

    em rtulos de fundo amarelo e contornos

    pretos, acrescido da expresso material

    radioativo.

    Os resduos do grupo D podem ser

    destinados reciclagem ou reutilizao.

    Quando adotada a reciclagem, sua

    identificao deve ser feita nos recipientes e

    nos abrigos de guarda de recipientes, usando

    cdigo de cores e suas correspondentes

    nomeaes, baseadas na Resoluo

    CONAMA no 275/01, e smbolos de tipo de

    material reciclvel.

    Para os demais resduos do grupo D deve ser

    utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes.

    Pode ser seguida de cor determinada pela

    Prefeitura.

    Caso no exista processo de segregao

    para reciclagem, no h exigncia para a

    padronizao de cor desses recipientes.

    Os produtos do grupo E so identificados

    pelo smbolo e substncia infectante, com

    rtulos de fundo branco, desenho e

    contornos pretos, acrescido da inscrio de

    resduo perfurocortante, indicando o risco

    que apresenta o resduos.

    Fonte: ANVISA (2006: 43)

  • 35

    Armazenamento interno: consiste na guarda temporria dos recipientes contendo os resduos

    j acondicionados no local prximo gerao, visando agilizar a coleta dentro do

    estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado

    disponibilizao para coleta externa. As salas devero ter paredes e pisos lisos e lavveis com

    ponto de iluminao artificial, com rea mnima de 2m.

    Armazenamento externo: consiste na guarda dos resduos em seus respectivos recipientes

    coletores adequados, em ambiente exclusivo at a realizao da etapa de coleta externa com

    acesso facilitado aos veculos coletores.

    A coleta e transporte interno dos RSS: consistem no traslado dos resduos dos pontos de

    gerao at local destinado ao armazenamento temporrio ou armazenamento externo, com a

    finalidade de disponibilizao para a coleta. nesta fase que o processo se torna visvel para o

    usurio e o pblico em geral, pois os resduos so transportados nos equipamentos de coleta

    (carros de coleta) em reas comuns.

    A coleta e transporte externo dos RSS: consistem na remoo dos RSS do abrigo de resduos

    (armazenamento externo) at a unidade de tratamento ou disposio final de acordo com a NBR

    12.810. A remoo dever ser realizada de maneira segura atravs da utilizao de tcnicas que

    garantam a preservao das condies de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da

    populao e do meio ambiente.

    Tratamento: consiste na aplicao de um mtodo, tcnica ou processo que modifique as

    caractersticas inerentes dos resduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminao a

    preservao da qualidade do meio ambiente, a segurana e a sade do trabalhador. A Resoluo

    CONAMA no 237/97 dispe sobre os sistemas de tratamento dos RSS de acordo com

    licenciamento ambiental sobre o controle e a fiscalizao da vigilncia sanitria e do meio

    ambiente. Uns dos principais mtodos de tratamento dos RSS do Grupo A os chamados resduos

    infectantes so: autoclavagem, micro-ondas e incinerao. Estes processos trmicos de

    tratamento so tecnologias alternativas utilizadas para a descontaminao desses resduos que

    posteriormente sero encaminhados para o circuito normal de resduos slidos urbanos, sem

    causar qualquer risco para a sade pblica (ANVISA, 2006).

  • 36

    Disposio final: consiste na disposio de resduos no solo obedecendo a critrios tcnicos

    de construo e operao e licenciamento ambiental estadual. a ltima etapa do gerenciamento

    dos RSS a partir da qual, o resduo no sofrer mais qualquer tipo de manuseio (ANVISA, 2006;

    CASTRO, 2007). Pode ser realizado utilizando os seguintes processos: aterro sanitrio, aterro de

    resduos perigosos classe I (para resduos industriais), aterro controlado, lixo ou vazadouro e

    valas.

    Aterro sanitrio: um processo utilizado para disposio dos resduos no solo de forma

    segura visando proteo do meio ambiente e da sade pblica. A destinao final da parcela

    infectante dos RSS, depois de submetida a sistemas de tratamento, deve ser feita em aterros

    sanitrios licenciados pelo rgo de controle ambiental estadual.

    Segundo ABNT NBR 8419/84 o aterro sanitrio o mtodo de disposio final de todo resduo comum ou tratado. Consiste na disposio desses resduos

    sobre o solo, fundamentado em critrios de engenharia e normas operacionais, a

    fim de evitar danos sade humana e ambiental, ao contrrio do lixo a cu aberto, que acabam gerando graves problemas ao meio ambiente e populao

    em geral (CASTRO, 2007 p. 38).

    A destinao final dos RSS de acordo com a Resoluo ANVISA n 306/04 podem ser

    realizadas das seguintes formas como mostra o QUADRO III.

    Quadro III Destinao Final dos RSS de acordo com a Resoluo da ANVISA n 306/04

    Tipos de RSS Destinao Final

    Resduos do Grupo A1 Devem ser encaminhados para aterro sanitrio

    licenciado ou local devidamente licenciado para

    disposio final de resduos de Servios de Sade.Os

    com risco de contaminao devem sofrer tratamento

    prvio, de acordo com o seu tipo.

    Resduos do Grupo A2 Sepultamento em cemitrio de animais.

    Resduos do Grupo A3 Sepultamento em cemitrio ou tratamento por

    incinerao ou cremao, antes da destinao final.

    Resduos do Grupo A4 Alguns podem ser encaminhados sem tratamento

    prvio para local devidamente licenciado para a

    disposio final de RSS, outros necessitam tratamento

    prvio.

    Resduos do Grupo A5 Devem ser submetidos a tratamentos especficos e

    dispostos em aterros sanitrios.

    Resduos do Grupo B Devem ser dispostos em aterros de resduos perigosos

    quando no estado slido, e no devem ser

    encaminhados para disposio final em aterros

    quando lquidos, devendo sofrer tratamento prvio

    especfico, eliminando sua periculosidade.

  • 37

    Resduos do Grupo C Devem obedecer s exigncias definidas pela CNEN.

    Resduos do Grupo D Quando for possvel, utilizar o processo de

    reutilizao, recuperao ou reciclagem, ou

    encaminhados ao aterro sanitrio.

    Resduos de Grupo E Devem ser acondicionados em coletores estanques,

    rgidos e hgidos, resistentes ruptura, ao corte ou a

    escarificao; os que apresentarem contaminao

    biolgica devem ser tratados antes de serem

    encaminhados para aterro sanitrio.

    Fonte: CASTRO (2007: 37-38)

    Aterro de resduos perigosos (classe I) - aterro industrial procedimento utilizado para

    disposio final de resduos qumicos no solo com a finalidade de reduzir os impactos ambientais

    e danos ou riscos sade pblica.

    Lixo ou vazadouro procedimento inadequado caracterizado pela simples descarga de

    resduos sobre o solo sem a garantia de proteo ao meio ambiente e sade. Este processo

    favorece o aparecimento de vetores indesejveis, mau cheiro, contaminao das guas

    superficiais e subterrneas, presena de catadores, risco de exploses (produo de gases CH4)

    devido a degradao do lixo.

    Aterro controlado (lixo melhorado). Neste sistema os resduos so descarregados no solo,

    com recobrimento de camada de material inerte, diariamente. Esta forma no evita os problemas

    de poluio, pois carente de sistemas de drenagem, tratamento de lquidos, gases,

    impermeabilizao etc.

    Valas spticas - Esta tcnica chamada de Clula Especial de RSS que consiste na

    impermeabilizao do solo (Norma da ABNT). um procedimento empregado em pequenos

    municpios.

    Os profissionais que exercem suas atividades ainda no esto totalmente conscientizados,

    da responsabilidade social dessas organizaes e da deles mesmos, como educadores da sade,

    em relao ao meio ambiente.

    A preveno da contaminao ambiental pelos resduos de servios de sade um

    problema de longo alcance e um ideal a ser alcanado; para minimizar os problemas causados

    pelos RSS essencial estabelecer medidas de preservao ambiental, de sade pblica e investir

    na educao ambiental em todos os nveis de ensino da rea da sade.

    Neste sentido, os profissionais de enfermagem precisam preocupar-se com os resduos

    gerados por suas atividades, visando reduzir riscos ao ambiente e sade da populao. Para que

    isso ocorra necessrio um investimento na formao profissional desses trabalhadores da rea

  • 38

    da sade. Acredita-se que atravs da educao as pessoas podem se desenvolver aperfeioar e se

    transformar.

    Para CORRA (2005a), a abordagem dos RSS pode ser observada, analisada e

    problematizada pelos alunos, favorecendo o desenvolvimento da sua conscincia crtica, a

    reflexo sobre o que esse saber tem a ver com o exerccio profissional, despertando sua

    responsabilidade e compromisso social.

    3. EDUCAO PROFISSIONAL

    3.1. CURSO TCNICO EM ENFERMAGEM

    Hoje, a enfermagem considerada uma prtica social indispensvel sociedade. As

    mudanas da configurao poltica do setor Sade trazem exigncias claras no que se refere s

    necessidades de oferta e de qualificao de recursos humanos. Essas mudanas esto vinculadas

    s novas exigncias do mercado de trabalho, tanto pblico como privado, devido implantao

    de novos programas na rea sade e da necessidade de qualificar os profissionais da sade

    (MINISTRIO DA SADE, 2002; EBSUI, 2004).

    A enfermagem sem dvida, uma das profisses de amplas oportunidades no mercado de

    trabalho. A rea de enfermagem corresponde a 49,6% do setor sade existindo uma mdia de 1,4

    profissionais de enfermagem por leito hospitalar. Deste total, 57% da rea de enfermagem so

    compostas por Auxiliares e Tcnicos em Enfermagem. A enfermagem brasileira a maior fora

    de trabalho na rea da sade (MINISTRIO DA SADE, 2009).

    Estes dados permitem constatar que, no Brasil, este um setor onde a oportunidade de

    emprego cresceu nos ltimos anos, uma tendncia que se manter no futuro, especialmente pela

    alta complexidade do atendimento, das mudanas organizacionais e tecnolgicas bem como pelo

    envelhecimento da populao. A introduo de tecnologias complexas e a especializao em

    determinadas tarefas assistenciais requerem uma maior qualificao dos profissionais da rea da

    sade (MISTRIO DA SADE, 2002; COFEN, 2009).

    Em 2007, segundo dados do IBGE (2009) entre os cursos Tcnicos de nvel mdio

    oferecidos no pas, a rea da sade a mais procurada com 29,4% do total de um milho de

    estudantes que freqentavam os cursos. Constata-se o crescente interesse e maior procura por

    cursos profissionalizantes na rea de Enfermagem, tanto em nvel mdio quanto em nvel

    superior (MINISTRIO DA SADE, 2009).

  • 39

    A educao profissional pode contribuir decisivamente para o desenvolvimento

    econmico e social do pas, na medida em que, em parceria com os setores produtivos, participe

    da identificao de oportunidades e capacitem jovens e trabalhadores a se adequarem s

    transies tecnolgicas e a se anteciparem s mudanas do ambiente social e produtivo.

    No demais repetir que a formao profissional, para atender s inovaes

    tecnolgicas e organizacionais, no deve tratar apenas do uso correto de novos

    equipamentos. O uso eficiente desses equipamentos depende de uma

    interveno humana mais abrangente que integre vrias funes (planejamento,

    execuo, controle e manuteno) e exige, conseqentemente, pensamento

    lgico, independncia e iniciativa (ARAJO, 2001 p. 210).

    Considerada um elemento estratgico para a construo da cidadania e para melhor

    insero de jovens na sociedade contempornea, a educao profissional reveste-se cada vez

    mais de importncia fundamental, no s pelo desenvolvimento da conjuntura scio-econmica,

    mas, sobretudo, porque representa finalmente uma associao entre trabalho e vida

    (MEC/CNE/CEB, 2000).

    Essa nova educao profissional dever ser capaz de formar trabalhadores adaptveis s

    novas situaes, devendo ter capacidade de reflexo e de deciso, de tomar iniciativa, bem como

    de exercer seu trabalho com criatividade e tica (ARAJO, 2001).

    O trabalho na rea de sade, independente do conceito de sade e do estgio de

    desenvolvimento de cada modalidade de sociedade, exige determinados pr-

    requisitos. No mundo todo, a aquisio destes requisitos que credenciam o

    indivduo para o trabalho nesta rea, depende de um processo formalmente

    atrelado e embutido na escolarizao do mesmo (DANTAS e AGUILAR,

    1999 apud CRISTFARO ,1994 p. 25).

    A profissionalizao intensiva dos trabalhadores de enfermagem tem como objetivo a

    capacitao dos profissionais da rea de enfermagem e o fortalecimento das Escolas Tcnicas de

    Sade buscando, de um lado, melhorar a qualidade do atendimento populao, e de outro,

    estimular o aumento de oportunidades para grandes grupos de trabalhadores de nvel mdio para

    que possam dedicar-se ao exerccio consciente e responsvel da profisso, nos diferentes nveis

    de atuao: promoo, recuperao e reabilitao da sade (MINISTRIO DA SADE, 2009).

    O profissional de nvel tcnico, integrante da equipe de sade, deve atender as atuais

    exigncias, preparar-se para o futuro e ser capaz de identificar situaes novas, auto organizar-se,

    de tomar decises, de intervir no processo de trabalho, de trabalhar em equipe e de resolver

    problemas que mudam constantemente (SILVA, 2003, apud BRASIL, 2000b).

  • 40

    Neste sentido, a formao de recursos humanos de nvel mdio tem sido uma

    preocupao para os docentes-enfermeiros e para as instituies formadoras dos profissionais de

    enfermagem. Encontra-se na histria da enfermagem brasileira, a legislao que norteia a

    formao e o exerccio destes profissionais. Para tanto, para entender melhor esta trajetria

    histrica, esto apresentados cronologicamente, os atos legais relacionados a este ensino e ao

    exerccio profissional da enfermagem.

    3.2. LEGISLAO E HISTRIA DA EDUCAO PROFISSIONAL BRASILEIRA

    Importantes aspectos como legislao e fatores scio-poltico-econmicos contriburam

    para compreender a trajetria da educao profissional brasileira que sempre acompanhou a

    economia e a poltica de sade adotada no pas.

    No Brasil, o ensino de enfermagem teve incio em 1890, com a promulgao do Decreto

    n 791 da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, vinculada ao Hospcio Nacional de

    Alienados. O objetivo era preparar recursos humanos para o trabalho com os doentes mentais e

    seu corpo docente era formado exclusivamente por mdicos da instituio (CINTRO, 2005).

    Na realidade, a primeira instituio brasileira sob a responsabilidade de enfermeiros, foi

    criada em 1923, com o nome de Escola de Enfermagem de Sade Pblica. Seu objetivo era

    preparar recursos humanos para a Sade Pblica, auxiliando as polticas governamentais na

    implementao do saneamento dos portos e ncleos urbanos devido s pssimas condies de

    vida da populao e por epidemias que assolavam as cidades. Em 1926, esta instituio recebeu

    o nome de Escola de Enfermeiras D. Anna Nery considerada a primeira escola de enfermagem

    no Brasil Nesta poca surgiu enfermagem como profisso, regulamentada por normas prprias

    (DANTAS e AGUILAR, 1999; MINISTRIO DA SADE, 2009).

    Na dcada de 1930, a urbanizao intensa, industrializao e conseqente demanda

    escolar levaram ao aumento considervel da populao previdenciria e modificaram o quadro

    educacional brasileiro nesta poca. No Brasil o quadro scio-econmico-poltico tomou novas

    dimenses com reflexos diretos na educao que passou a direcionar a formao profissional

    para o mercado industrial e comercial (MENESES et al, 2002).

    O Decreto n 20109/ 31 ( BRASIL, 1974 a) regulamentou a prtica para a

    enfermagem no Brasil e fixou condies para a equiparao das escolas de

    enfermagem Escola Anna Nery, a qual foi estabelecida como escola oficial

    padro para o ensino da enfermagem. No entanto o citado decreto no trouxe

    referncias ao profissional de nvel mdio (DANTAS e AGUILAR, 1999).

  • 41

    Foi criado no perodo entre 1930 e 1937 o Ministrio da Educao e da Sade Pblica,

    rgos que agregaram as escolas de formao profissional. O ensino tcnico assume uma funo

    profissionalizante, nos moldes demandados pelas necessidades econmicas. A primeira escola de

    Auxiliar de Enfermagem foi criada em 1936 em Belo Horizonte para melhorar o atendimento aos

    doentes (PETERROSSI, 1994).

    Na dcada de 1940, com o desenvolvimento do capitalismo e o surgimento das indstrias,

    verificaram-se diferenas no quadro social urbano. Os trabalhadores assalariados passaram a

    exercer presses para garantir a interferncia estatal na conquista dos direitos sociais

    reivindicando melhores condies de assistncia sade. Surge ento o sistema previdencirio,

    com a finalidade de atender curativamente a populao produtiva do setor industrial e os

    interesses capitalistas do setor sade (BUENO, et al, 1997; SPRIGICO E GELBECK, 1997).

    Como resultado desta situao surgiram os hospitais e a implantao de novas tecnologias no

    tratamento dos doentes, necessitando de um nmero maior de profissionais auxiliares de

    enfermagem treinados para o cuidado direto, uma vez que a formao profissional das

    enfermeiras era voltada para a superviso e atividades administrativas. Para atender esta situao

    foi estimulada a criao de cursos de auxiliares de enfermagem e a organizao de programas de

    treinamento em servio (DANTAS e AGUILAR, 1999).

    neste contexto que a enfermagem encontra espao para seu desenvolvimento. Com o

    declnio dos servios de sade pblica e o avano da assistncia hospitalar, a enfermagem, que

    era eminentemente de sade pblica, passou a ocupar a rede hospitalar majoritariamente privada,

    empresarial e lucrativa, atendendo os interesses capitalistas. Houve uma expanso de escolas

    formadoras de pessoal de enfermagem nos moldes do modelo nightingaleano para atender as

    necessidades desse sistema (SPRIGICO E GELBECK, 1999).

    O auxiliar de enfermagem, como categoria profissional, foi lanado como

    indispensvel ao pas em deficincia, quantitativa e qualitativa, de pessoal no

    cuidado direto do paciente. Tal fato ocorreu em consonncia com o modelo

    educacional de criao de cursos profissionalizantes, inserido o modelo

    educacional ao processo capitalista (DANTAS et al, 1997).

    Modelo Nightingaleano: O modelo educacional, introduzido por Nightingale, tinha por objetivo a implementao de

    tcnica disciplinar que possibilitasse a transformao do espao hospitalar em local de cura, de disciplinamento dos trabalhadores

    e das tarefas, sob direo mdica ( OLIVEIRA,A.G.B.;ALESSI,N.P., 2003).

  • 42

    Pelo Decreto Lei n 4.725/42 a Escola Profissional de Enfermeiros passou a se chamar

    Escola de Enfermeiros Alfredo Pinto, seu objetivo era preparar enfermeiros - auxiliares para os

    programas de sade e servios sanitrios, assistenciais e promover a especializao em servios

    psiquitricos de enfermeiras diplomadas. O Decreto Lei n 10472/42, aprovou a regulamentao

    desta escola instituindo um ensino nos moldes das exigncias tcnicas de enfermagem da poca.

    O curso de enfermeiros - auxiliares deveria ser realizado em seis perodos, com a durao total

    de dezoito meses e as disciplinas ministradas eram aquelas necessrias ao exerccio da profisso.

    Destaca-se que durante a dcada de quarenta, dois fatos ligados Enfermagem, merecem ser

    lembrados: a regulamentao do ensino da Enfermagem em 1949 e a criao do Servio Especial

    de Sade (SESP) em 1942 (BUENO, et al, 1997; DANTAS e AGUILAR, 1999).

    Em 1945, pelo Decreto Lei n 8.778/46 a habilitao e a fiscalizao do exerccio

    profissional para os prticos de enfermagem passaram a pertencer ao Servio Nacional de

    Fiscalizao da Medicina. Em 1949, as escolas de enfermagem passaram a ser reguladas pelo

    Ministrio da Educao e Sade, que atravs da Lei n 775/49, estabelecia que o ensino de

    enfermagem no pas deveria estar compreendido em dois cursos ordinrios: o de enfermagem e

    o de auxiliar de enfermagem. O Decreto n 27.426/49 estipulava quatro anos para o ensino da

    Enfermagem e dezoito meses para o auxiliar, exigindo certificado de concluso do curso

    colegial, o equivalente para a enfermagem, que apenas vigorou em 1961. O curso de auxiliar

    tinha por objetivo o adestramento de pessoal capaz de auxiliar o enfermeiro em suas atividades

    de assistncia curativa (DANTAS et al, 1997).

    Na dcada de 1950, a sade pblica perdeu cada vez mais a sua importncia nas polticas

    de sade, cedendo lugar para a assistncia individualizada e curativa, influenciada fortemente

    pela tecnologia das indstrias e o crescimento da populao urbana e previdenciria. A

    enfermagem nesta poca preocupou-se com a organizao dos servios de sade e melhoria do

    ensino de acordo com princpios cientficos da administrao. A diviso do trabalho na

    enfermagem marcante e assumiu as caractersticas de diviso social do trabalho tpica do modo

    capitalista de produo. O processo de industrializao acelerada gerou uma massa operria que

    deveria ser atendida por um sistema de sade voltado, no mais para o saneamento do espao de

    circulao de mercadorias, mais para o corpo do trabalhador, visando manter e restaurar a sua

    capacidade produtiva. O ensino passou a permitir a equivalncia entre os estudos acadmicos e

    profissionalizantes, quebrando em parte a rigidez entre os dois ramos de ensino e entre os vrios

    campos do prprio ensino profissional (DANTAS e AGUILAR, 1999; SPRIGICO E GELBECK,

    1997).

  • 43

    Ocorreu, ento, um aumento considervel da rede hospitalar, abrindo um novo espao

    para a atuao da enfermagem, ao mesmo tempo em que havia a necessidade de maior nmero

    de trabalhadores com preparo especfico para o exerccio da profisso. Diante desta situao,

    numa perspectiva de qualificar mo-de-obra na enfermagem expandem-se os cursos de Auxiliar

    de Enfermagem com a finalidade de suprir a necessidade de grande nmero de profissionais para

    prestar assistncia de enfermagem aos pacientes internados, devido a dficit de enfermeiros e do

    preparo dispendioso e demorados destes profissionais. Iniciaram-se as discusses sobre a

    formao de Tcnicos em Enfermagem (DANTAS e AGUILAR, 1999).

    A Lei n 2.604/55 regulamentou o exerccio profissional da enfermagem at 1989,

    inserindo as parteiras, prticos e auxiliares de enfermagem. No entanto, esta lei no conseguiu

    evitar o crescimento desordenado de prticos de enfermagem mais ampliou a possibilidade de

    formao de enfermagem de nvel mdio atravs de cursos volantes em localidades onde no

    existissem escolas de enfermagem, mas que dispusessem de hospitais com possibilidades reais

    para a formao de auxiliares. Estabeleceu tambm que poderiam exercer a enfermagem no pas,

    no que se refere aos profissionais de nvel mdio, os auxiliares de enfermagem e os prticos de

    enfermagem ou enfermeiros prticos, desde que sob a superviso de enfermeiros ou mdicos

    (BRASIL, 1974a apud DANTAS e AGUILAR, 1999).

    Na dcada de 60 os atendentes de enfermagem continuaram sendo a mo-de-

    obra de maior contingente, tendo seu exerccio marcado pela ausncia de

    formao especifica e regulamentao legal. Com o parecer 271/62, do CFE

    (Conselho Federal de Educao), surgiu ento o Tcnico em Enfermagem

    (CINTRO, 2005, p.28).

    Para o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o atendente de enfermagem

    corresponde categoria no formalmente preparada pelo sistema de ensino. Recebe alguma

    forma de treinamento em servio nas vrias instituies de sade onde executa tarefas de

    enfermagem, nem sempre devidamente supervisionada. Os atendentes de enfermagem passaram

    a integrar legalmente o quadro de enfermagem apenas em 1976, atravs da Resoluo

    COFEN/76. A Lei vigente da poca, n 2604/55, que dispunha sobre o exerccio profissional da

    enfermagem, no havia includo esses trabalhadores (ALMEIDA, 1986; OLIVEIRA et al, 2002).

    Na dcada de 1960 foi promulgada a Lei n. 4024/61 a primeira Lei de Diretrizes e Bases

    da Educao Nacional. Essa primeira LDB equiparou o ensino profissional ao ensino mdio,

    permitindo aos egressos destas modalidades cursarem o Ensino Superior. A referida Lei

    determinou a necessidade de serem alteradas as estruturas dos cursos de enfermagem. Alm da

    obrigatoriedade de se fazer as duas sries do curso de auxiliar de enfermagem corresponderem

  • 44

    aos dois primeiros anos ginasiais, com a incluso de cinco disciplinas obrigatrias em seu

    currculo. Mais tarde, a Portaria n 106/ 65 do Ministrio da Educao e Cultura, fixou normas

    para o currculo mnimo do Curso de Auxiliar de Enfermagem, estipulando a durao de dois

    anos letivos de 180 dias e a idade mnima de 16 anos para o ingressante. A organizao

    curricular era formada por cinco disciplinas gerais, relativas s duas primeiras sries ginasiais, as

    disciplinas especficas: Fundamentos de Enfermagem (fisiologia, patologia e anatomia); tcnicas

    de enfermagem (sade pblica, mdico-cirrgica e materno-infantil); tica e histria de

    enfermagem; higiene e profilaxia. Foram acrescentadas nos novos campos de estgios as

    disciplinas prticas de clnica ginecolgica e obsttrica, clnica urolgica e clnica peditrica.

    (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAO PROFISSIONAL DE

    NVEL TCNICO, 1999).

    Com o Parecer 271/ 62, a funo do enfermeiro passa a exigir o nvel superior e ainda,

    nesta dcada, foi implantado o Curso de Tcnico em Enfermagem. Tal curso seria intermedirio

    entre o de graduao e o do Auxiliar de Enfermagem e estaria na faixa do segundo grau,

    correspondendo ao curso colegial. Nestes termos, at 1962, a formao de enfermeiro no pas era

    de nvel mdio e tinha como objetivo a formao de lderes para ocupar cargos de chefia nos

    servios de sade e promover a superviso e o treinamento do grande contingente de pessoal

    auxiliar (BRASIL, 1974a).

    A Lei n. 4024/61 foi posteriormente regulamentada pela Lei 5.692/71, instituindo a

    profissionalizao obrigatria no ensino de 2 grau, sendo modificada parcialmente pela Lei n.

    7044/82 que termina com a obrigatoriedade da qualificao para o trabalho nesse nvel (SILVA,

    2003).

    Os cursos tcnicos passaram a ser oferecidos na categoria de Habilitao Profissional

    concomitantemente ao ensino mdio, denominado por essa Lei, de ensino de segundo grau,

    permanecendo com esta nomenclatura at meados dos anos 80. Grande parte do quadro atual da

    educao profissional pode ser explicada pelos efeitos dessa Lei (DANTAS E AGUILAR, 1999;

    DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAO PROFISSIONAL DE

    NVEL TCNICO, 1999; CINTRO, 2005).

    No final da dcada de 1960 e incio dos anos 1970, houve um grande interesse na rea da

    economia nacional na criao de cursos tcnicos, para atender os interesses difundidos pela

    poltica adotada durante os anos do milagre econmico, com a insero do pas na diviso

    internacional do trabalho e a necessidade de desenvolvimento acelerado. Na rea da

    enfermagem, foram criadas quatro escolas Tcnicas em Enfermagem, em carter experimental.

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    Neste perodo o enfermeiro comeou a especializar-se, sobretudo na rea curativa e

    administrativa (SPRIGICO E GELBECK, 1997).

    O Parecer n 45/ 72 aprovado pelo Conselho Federal de Educao - CFE determinou que

    o Curso Tcnico de Enfermagem tivesse uma carga horria total de 2490 horas sendo, 1020

    horas destinadas para a educao geral, 1200 horas para a formao especial e 270 horas para a

    educao fsica (CAVERNI, 2005).

    O Parecer n 384/76 e a Resoluo n 7/77 do CFE, fixou os contedos curriculares

    mnimos, em termos da formao do Auxiliar de Enfermagem e revisou os estabelecidos pelo

    Parecer 45/72 em relao ao Tcnico em Enfermagem. Este Parecer fixou a carga horria total

    mnima do curso Tcnico em Enfermagem (denominado de Habilitao Plena) em 2760 horas,

    1590 delas dedicadas aos contedos e estgios profissionalizantes distribudas em trs anos

    letivos. E o curso de Auxiliar de Enfermagem (denominado Habilitao Parcial), fixou carga

    horria mnima em 2200 horas, sendo 1110 horas profissionalizantes, das quais 400 dedicadas ao

    estgio supervisionado (DANTAS e AGUILAR, 1999; CAVERNI, 2005).

    Nas dcadas de 1970 e 1980 ocorreu aumento do nmero de escolas de enfermagem de

    nvel superior e mdio. Em 1983, existiam no Brasil, 81 cursos de graduao em enfermagem,

    115 cursos de tcnico em enfermagem e 145 cursos de auxiliares em enfermagem (ABEN,

    1995).

    Vale salientar ainda, que na dcada de 1970, o Conselho Federal de Enfermagem

    encaminhou aos rgos competentes o projeto da nova lei do exerccio profissional, a qual foi

    promulgada somente em 1986. Esta nova Lei reconheceu o Tcnico em Enfermagem como

    profisso, j que a Lei n 2604/55 e o Decreto 50387/ 61 nada dispunham sobre as atribuies do

    Tcnico de Enfermagem que permaneceu por 20 anos sem funo legal definida (DANTAS e

    AGUILAR, 1999; CAVERNI, 2005).

    A Lei n 7498/86 de 25 de julho do Conselho Regional de Enfermagem So Paulo, SP

    dispe sobre o exerccio profissional da enfermagem estipulando que a mesma passaria a ser

    exercida privativamente pelo enfermeiro, pelo tcnico e auxiliar de enfermagem, respeitando-se

    os respectivos graus de habilitao, como descritos nestes artigos da referida Lei, sendo:

    Art.6- So Enfe